quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Até tu, Michael?


Michael Jackson fez mais sucesso do que qualquer um poderia imaginar. Quando surgiu, o menino quase tímido com voz de Farinelli contemporâneo, não ameaçava David Bowie.

Mas cinco de seus álbuns de estúdio se tornaram os mais vendidos no mundo em todos os tempos: Off the Wall (1979), Thriller (1982), Bad (1987), Dangerous (1991) e HIStory (1995).

Eu adorava o Michael. Principalmente na fase médio-branco, meio malvado. Achava glorioso o homem dançar daquele jeito.

Foi numa tarde de televisão em que eu me perguntei: qual será o segredo de tanto sucesso? Ser rei do pop não pode ser somente um acaso.

Observei com mais cuidado enquanto assistia o videoclip de Beat It.

Subitamente apareceu para mim. De início, achei que estava implicando, como sempre. Mas os indícios eram fortes demais.

Um movimento se destacava: feito com os membros superiores. Ele desenrolava a mão direita para frente e para trás, um vai e vem na altura dos quadris. Pisquei duas vezes. Era uma punheta imaginária!

Meditei: será este o real Beat It que ele está cantando? O movimento subliminar fui percebendo ao longo de todo o filme.
Fiquei em choque! Arrasada com o astro.

Mas reuni coragem e fui em frente. Na verdade, fui para trás. Voltei o clipe. Fui juntando as peças.

No corredor, por exemplo, logo no início, quando sai do quarto em que está só, ele se põe de lado e arruma o tronco convexamente, postando o punho fechado na altura dos genitais.

Algumas cenas depois, em uma sala de supostas mesas de bilhar, ele respira ofegante com a boca aberta em "ó" em frente à câmera.

Aí, aconteceu: eu vi. O mais importante, o detalhe disfarçado, a dica sinuosa do roteiro. As mesas de sinuca não tinham caçapas!

Não havia como meter no buraco do jogo, nem marcar pontos, nem nada. Apenas espaço amplo dedicado aos tacos e às bolas.

Como se isso não fosse o suficiente para passar o recado misógino, a sequência apresentava dois homens coreografando uma briga com facas dentro de uma roda de machos: cada um com a sua apontada para o outro.















Na apoteose da música, todos dançavam juntos, em posição estratégica.
Faziam o pêndulo manual, aquele sagrado vai-e-vem com o punho direito. A seguir estendiam a mão e, devido à marcação no palco, alcançavam a altura da genitália dos colegas na diagonal.

No plano do filme, pareciam alcançar um ao pau do outro, como se fossem cirandar.

Que triste descobrir que Beat It era um hino de subversão subliminar. Vendeu absurdos! Todo mundo tinha o Thriller.

Talvez eu esteja enganada, talvez seja minha fixação peniana agindo como uma lente maléfica que distorceu meu ex-astro favorito.


Mas eu acho que não. Acredito que seja mais um dos influentes do século que, via mídia, fizeram-nos todos obcecados por um pau.

Confira o vídeo e mande sua opinião.



Até,
Paola.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Rexona Men V8

A primeira vez que me masturbei, foi com um Rexona. E naquele tempo eu nem enxergava minha atração pela forma: apenas estava à mão.

O objeto não estava lá gratuitamente, fui olhando com cuidado: todo mundo usava. Será que o desodorante era tão bom assim?

Andando pela gôndola do supermercado, enxerguei O Rexona Men V8. Aquilo era demais. A princípio tentei ver a Lamborghini, a cor amarela de carro esportivo, umas marcas imitando ventarolas de capô.

Eu sempre desconfio quando vejo um pênis em algum objeto. Ouvi muitas vezes que exagero, que sou extra-perceptiva, que tenho fixações obsessivas. Enfim, louca.

Mas o Rexona Men v8 passou dos limites.

Que ventarolas na carenagem, que nada. Eram sulcos como veios penianos, oferecendo destaque à glande.

E pior: no alto um furinho que despeja cheiro de homem. Eu não posso estar delirando, não pode ser. Esse desodorante é propositalmente nesse formato. Estou certa de que a modelagem é a responsável por tantas aquisições.

Comecei a imaginar a cena: na academia, o cara exibindo o Rexona V8 antes de usar. Os amigos perguntando, tocando, emprestando um para o outro provar. Alçaram voo ao tubo mais que aos bíceps latejantes das flexões.

Os parceiros não entenderam; acho que sequer vão perceber jamais. Mas compraram um Rexona o mais rápido possível.

Será que foi por que o cosmético era tão bom assim? Lá homem sai comprando produtos de beleza só porque o colega apresentou?

Não é estranho que sempre esqueçam o desodorante? Que peçam emprestado?

Um bom vibrador custa quase dez vezes o preço desse produto. Para uma pré-adolescente, foi uma maravilha discreta e acessível. Eu, na longínqua puberdade saquei por instinto, prestei atenção.

O que aprendi é que há mais coisas entre o chuveiro e a pia que nossa vã filosofia imagina.